Caso Isis: A juiz, acusado de matar adolescente grávida no Paraná admite que tentou comprar abortivos; veja destaques do depoimento
19/11/2024
Marcos Vagner de Souza responde por homicídio, ocultação de cadáver e aborto provocado sem o consentimento da gestante, Isis Victoria Mizerski. Em depoimento, ele alegou inocência e disse que quem pediu o medicamento foi Isis. Meio-Dia paraná tem acesso a depoimento de réu do Caso Isis
Marcos Vagner de Souza, acusado de matar Isis Victoria Mizerski, admitiu à Justiça que tentou comprar remédios abortivos para a menina, alegando que foi um pedido dela. Além de homicídio, ele tambem responde pelos crimes de ocultação de cadáver e aborto provocado sem o consentimento da gestante.
O homem prestou depoimento na quinta-feira (14) e nesta terça (19) o g1 e a RPC tiveram, com exclusividade, acesso à gravação da íntegra da fala do réu.
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Isis tinha 17 anos e estava grávida quando desapareceu no dia 6 de junho em Tibagi, nos Campos Gerais do Paraná. Ela sumiu após sair para encontrar Marcos, apontado como pai do bebê. Apesar de o corpo dela não ter sido encontrado, a Polícia Civil acredita que ela foi assassinada. Marcos está preso e alega inocência. Veja detalhes mais abaixo.
Marcos iniciou o depoimento se recusando a responder perguntas do juiz. "Por orientação dos meus advogados, prefiro responder somente às perguntas deles", afirmou.
Os advogados de defesa pediram que ele explicasse a relação dele com Isis e também o que aconteceu no dia do desaparecimento e nos posteriores.
Durante as falas, ele rebateu e justificou os indícios levantados pela polícia, como vídeos de câmeras de segurança e registros da localização do celular de Marcos na noite do desaparecimento e nos dias seguintes ao sumiço.
Ele reafirmou que é inocente e deu detalhes da própria versão, alegando que teve relações sexuais com Isis apenas uma vez e que, um mês depois, ela contou que estava grávida e não queria ter o filho.
No depoimento, ele também admitiu que tentou comprar remédios abortivos, afirmando que foi um pedido dela, mas que não conseguiu os medicamentos.
Veja, abaixo, outros destaques do depoimento.
Réu prestou depoimento na quinta-feira (14)
Reprodução
Dia do desaparecimento
Em relação ao dia do desaparecimento, Marcos afirmou que Isis enviou mensagem para ele no meio tarde para que eles se encontrassem, e deu detalhes sobre a dinâmica do encontro.
Ele disse que, após cerca de meia hora de conversa sobre a questão da gravidez, a adolescente pediu que ele a deixasse em um ponto da PR-340 próximo à uma vila onde uma amiga dela mora, afirmando que se negou a entrar na vila por se tratar de uma região perigosa.
O réu também disse que logo depois o carro teve um problema mecânico e, por isso, demorou um pouco mais para voltar à cidade. Câmeras de segurança anexadas ao inquérito apontam que ele ficou quase uma hora na rodovia.
Na mesma noite, o tio de Isis entrou em contato com Marcos questionando sobre o paradeiro da adolescente e Marcos negou que tinha se encontrado com ela. No depoimento, ele disse que entendeu que o tio havia perguntado se eles haviam se encontrado em outro dia e também disse que "omitiu" o fato da gravidez "porque era uma vontade da Isis contar para a família".
Dias seguintes ao desaparecimento
A localização do celular de Marcos Vagner de Souza apontou que ele esteve no mesmo lugar que a adolescente nos dois dias seguintes ao desaparecimento dela.
Sobre isso, ele disse que estava nos lugares junto ao advogado dele para tratar de outros assuntos.
Em relação ao fato de ter se entregado à polícia em Francisco Beltrão, cidade a mais de 400 quilômetros de distância de Tibagi, Marcos afirmou que a mãe dele mora no local e que viajou para lá porque temia pela própria segurança, após a repercussão do desaparecimento e da suspeita de ele ter envolvimento no crime.
"Eu não tenho nada pra esconder, tanto é que eu me apresentei de espontânea vontade. Eu tinha todos os motivos do mundo se eu quisesse fugir pra qualquer lugar, o Paraguai, em qualquer lugar, e eu não fiz", afirmou, no depoimento.
Andamento do processo
Marcos Vagner de Souza e Isis Victória Mizerski
Reprodução
A Justiça tem até o início de dezembro para definir se Marcos Vagner de Souza vai a júri popular - e, se não, o vigilante já deve receber a sentença de um juiz.
Na quinta-feira (14) foram finalizadas as audiências de instrução e julgamento do caso. Ao todo, 18 testemunhas foram convocadas a depor e Marcos foi a última pessoa a ser interrogada.
Veja os próximos passos do processo
Caso Isis
Caso Isis: Adolescente grávida desaparecida no Paraná
De acordo com o delegado Matheus Campos Duarte, Isis e Marcos tiveram relações sexuais entre abril e maio de 2024 e a adolescente engravidou do vigilante.
Semanas depois, ela começou a desconfiar da gestação e contou para Marcos das próprias suspeitas, afirma o delegado. As investigações apontam que ele pediu que ela fizesse um teste, que confirmou a gravidez.
O delegado afirma que os dois saíram para se encontrar no dia 6 de junho - e desde então, Isis não foi mais vista.
As investigações reuniram imagens de câmeras de segurança que mostram Marcos em uma farmácia dois dias antes do sumiço. Três testemunhas afirmaram, em depoimento, que ele as procurou para tentar comprar remédios abortivos.
Vídeos e registros da localização do celular de Marcos na noite do desaparecimento e nos dias seguintes também contribuíram para aumentar as suspeitas de crimes.
Veja a cronologia do caso
Delegado Matheus Campos Duarte foi responsável pela investigação na Polícia Civil
AEN
Processo na Justiça
O inquérito foi finalizado no começo de agosto.
Quando a Polícia Civil anunciou o indiciamento do homem, o delegado Matheus Campos Duarte comparou o caso de Isis ao de Eliza Samudio. Ela desapareceu em 2010 e nunca teve o corpo encontrado. Apesar disso, acusados de envolvimento no crime foram condenados - incluindo o ex-goleiro Bruno Fernandes.
Assassinato sem corpo: Especialistas explicam como Justiça trata desaparecimento de adolescente grávida no Paraná como homicídio
Marcos Vagner de Souza virou réu na Justiça por três crimes, todos no âmbito da violência doméstica:
homicídio triplamente qualificado (por feminicídio, dissimulação e motivo torpe);
ocultação de cadáver;
aborto provocado sem o consentimento da vítima.
Desde o início das investigações, ele alega ser inocente.
No início de novembro, uma força-tarefa realizou novas buscas pelo corpo de Isis após a polícia receber novas denúncias e também o resultado de um laudo da perícia feito com amostras de lama encontradas no carro do homem, mas não houve novidades sobre o paradeiro da desaparecida.
A Polícia Civil destaca que quem tiver informações sobre vestígios do paradeiro da adolescente pode fazer denúncias anônimas através dos telefones 197, da corporação, ou 181, do Disque-Denúncia.
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